segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Lugar de mulher não é em casa.

Uma nova pesquisa da Reuters conduzida pela Ipsos em 23 países (representando 75% do PIB mundial) e lançada hoje, no Dia Internacional da Mulher, indica que três quartos (74%) dos adultos entrevistados não concordam com a afirmação de que "o lugar de uma mulher é em casa". Já os outros 26% dos mais de 24 mil entrevistados (mais de mil por país) concordam com esta afirmação.


Os países onde os cidadãos estão mais inclinados a discordar que "o lugar de uma mulher é em casa" são Argentina (9%), França (9%), México (9%), Suécia (10%) e Brasil (10%). Já os países onde as pessoas estão mais inclinadas a concordar com esta afirmação são Índia (54%), Turquia (52%), Japão (48%), China (34%), Rússia (34%), Hungria (34%) e Coreia do Sul (33%).


A lista abaixo começa com os países onde os cidadãos estão mais inclinados a concordar que "o lugar de uma mulher é em casa", e continua ate aqueles onde as pessoas estão menos inclinadas a concordar com esta afirmação.


Índia 54% concordam /46% discordam

Turquia 52% concordam /48% discordam

Japão 48% concordam /52% discordam

China 34% concordam /66% discordam

Rússia 34% concordam /66% discordam

Hungria 34% concordam /66% discordam

Coreia do Sul 33% concordam /67% discordam

Rep.Tcheca 28% concordam /72% discordam

Austrália 25% concordam /75% discordam

EUA 25% concordam /75% discordam

Grã-Bretanha 22% concordam /78% discordam

Holanda 20% concordam /80% discordam

Canadá 20% concordam /80% discordam

Itália 19% concordam /81% discordam

Polônia 18% concordam /82% discordam

Bélgica 16% concordam /84% discordam

Alemanha 14% concordam /86% discordam

Espanha 12% concordam /88% discordam

Brasil 10% concordam /90% discordam

Suécia 10% concordam /90% discordam

México 9% concordam /91% discordam

França 9% concordam /91% discordam

Argentina 9% concordam /91% discordam

sábado, 17 de julho de 2010

Pelo Empoderamento da mulher na política brasileira


É visível a subrrepresentação das mulheres em diferentes áreas da sociedade. Apesar da importância em termos numéricos, sua maior escolaridade e a crescente inserção no mercado de trabalho, as mulheres ainda recebem salários inferiores aos masculinos, ocupam atividades de menor status social e são minoria nos postos de decisão e direção, apesar do importante trabalho que realizam. A representação feminina em cargos máximos em sindicatos, movimento estudantil e partidos políticos não chega a 20%. Tal situação está relacionada, entre outros fatores, com a divisão sexual do trabalho e a não co-responsabilização de tarefas domésticas e familiares entre mulheres e homens. O acúmulo de responsabilidades que as mulheres assumem com o cuidado de crianças e idosos e a reprodução de estereótipos de gênero ligados à docilidade, maternidade e subalternidade limitam a possibilidade das mulheres em ocupar espaços de poder e decisão.
Nos espaços de Poder Executivo, a subrrepresentação feminina é evidenciada. O Brasil nunca teve uma mulher na Presidência da República, assim como poucas candidatas ao cargo, fato que não ocorre em outros países, que têm ou já tiveram mulheres como Chefes de Estado e de Governo, inclusive vizinhos na América Latina, como o Chile e a Argentina. Nos Estados e Prefeituras, a presença feminina está entre 13% e 8%, respectivamente. Nas Secretarias de Governo das Capitais e dos Estados e Distrito Federal, esse percentual aumenta para próximo a 20%, mas é interessante ressaltar que as secretárias ocupam, em sua grande maioria, entre 60% e 70%, pastas relacionadas ao mundo doméstico e de cuidados, as áreas de Educação e Assistência Social. O fato demonstra as dificuldades encontradas pelas mulheres em romper concepções conservadoras que associam e reduzem seu campo de trabalho a estereótipos de gênero, dificultando sua inserção em outras áreas, como a administrativa, econômica e tecnológica, desvalorizando os setores onde atuam.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O LADO FEMININO DA POLÍTICA

Em todas as conversas que faço sobre direitos e participação das mulheres, em especial no espaço da política e do poder público, ouço a pergunta: "Se as mulheres são a metade do eleitorado, porque não elegem a metade dos cargos em disputa? Por que mulher não vota em mulher?".
É uma pergunta simples e singela, mas que não tem uma resposta de mesma natureza. Aqui há muita complexidade.
O mundo da política demorou para aceitar as mulheres. Nós éramos tidas como incapazes de discernir, pensar e, logo, decidir através do voto até a década de 30. Nós éramos proibidas de votar. Isso faz menos de cem anos, o que é nada em relação à história. Nós não existíamos para esse mundo. Esse mundo não falava conosco, nem se dedicava a nós. Não tinha mensagens para as mulheres. Então as mulheres resolveram cuidar de outras coisas que lhes interessava e lhes dava respeito e valor, deixando a política de lado.
Para fazer com que o mundo da mulher e o da política convirjam, não será um processo fácil e rápido. De votar, a ser votada, há uma imensa distância. As dificuldades para termos candidatas são grandes. Por isso defendo e acredito que precisamos de ações positivas como as cotas de candidaturas, recursos para campanhas, formação política específica para as mulheres.
Defendo, aliás, que precisaríamos de um número de cargos legislativos reservados às mulheres, como no Congresso Argentino. Em relação à reforma política, o Partido dos Trabalhadores já deliberou sua posição: a formação da lista de candidatos deverá ser paritária para de fato dar oportunidade às mulheres de participação eleitoral nas mesmas condições.
Não se acaba com um processo milenar de discriminação de uma hora para outra. É preciso muita vontade e determinação. Eu acredito que as mulheres estão sentindo a necessidade de mudar e participar: mudar a política, mudar essa lógica de poder, excludente, personalista. Mas é uma coisa que está sendo feita aos poucos, com as condições mínimas que temos. Se tivermos incentivos iremos mais rápido.
Outro fator importante é termos mulheres ocupando cargos de destaque decorrentes do processo político. Vereadoras, deputadas, senadoras, prefeitas, governadora, presidenta da República. Isso serve de estímulo a outras mulheres, mostrando que temos capacidade de atuar nesse mundo tanto quanto atuamos na iniciativa privada, na esfera social.
Mas que uma ocupação de posições e cargos, vejo que as qualidades amorosas, compassivas e sustentadoras do lado feminino, farão diferença, serão essenciais para conduzir nossa sociedade por essas águas tão turbulentas. Precisamos de uma nova política, que busque a cooperação, a construção de consensos, que é a verdadeira essência da democracia. Penso ser esse o grande desafio das mulheres e do movimento que fazemos pela chegada ao poder. Fazer política para construir, agregar, valorizar e acima de tudo, estar no poder para servir.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Brasil está preparado para eleger a primeira mulher presidente

Pré-candidata do PT à Presidência da República, Dilma disse que não apenas as mulheres "heroínas e lutadoras" querem ver uma mulher no comando do país, mas "todas as mulheres que tiveram suas vidas esquecidas e suas vozes abafadas".

Dilma deixou claro que a defesa do direito das mulheres vai ser uma das principais temáticas de sua campanha ao Palácio do Planalto. Segundo ela, a história preparou as mulheres para serem "protagonistas". A ministra lembrou sua trajetória política, desde o período em que foi secretária de Fazenda em Minas Gerais, para sinalizar que está preparada para assumir o comando do país.

"No Legislativo, Executivo e nas altas posições do Judiciário, a posição da mulher está longe de refletir o nosso papel social. Eu, no Executivo, tenho sido em várias atividades a primeira mulher. Fui a primeira mulher secretária de Energia e Comunicação no Rio Grande do Sul por duas vezes. E fui a primeira ministra de Minas e Energia e a primeira ministra da Casa Civil. Acho que nós temos de mudar essa situação", afirmou.

Ela disse que a participação política das mulheres ainda é muito pequena porque deve corresponder ao papel que ocupam no governo e na sociedade. "Vamos ter de aumentar a participação das mulheres, até porque estiveram presentes em todas as grandes lutas políticas do nosso país."

Dilma ressaltou programas do governo Lula voltados para as mulheres, em especial o Bolsa Família --pago diretamente às chefes de família. A ministra defendeu atenção especial às grávidas e crianças ao afirmar que o combate à violência deve ter início dentro de cada família.

"O homem que bate, espanca a mulher, machuca também a sua própria família. Agressão covarde não pode ficar impune. Não se pode impor, além da agressão, a mácula que é o silêncio", afirmou.

"Sei o que é a maternidade para cada uma das mulheres abençoadas por ela, o quanto nos dá de compreensão e maturidade. Acho lastimável que essa maternidade possa ser usada para desqualificar profissionalmente as mulheres."

sexta-feira, 24 de abril de 2009

NÚCLEOS FEMININOS DENTRO DOS PARTIDOS, AINDA NÃO GARANTEM QUE MULHERES SEJAM ELEITAS


Com o advento da constituição de 1988, em que “homens e mulheres tem direitos e deveres iguais, perante a lei”, a mulher se fortaleceu para ter voz ativa na política nacional.
Em alguns partidos políticos, foram criados núcleos de mulheres políticas, que têm como objetivo engajar e fortalecer a base feminina no cenário da política nacional e contribuir para a difusão e a afirmação dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero. Os núcleos ainda participam timidamente, pois os partidos ainda dão poucos espaços, cabendo a elas a responsabilidade de mobilizar-se para mudar esta realidade.
Estes núcleos conseguem se mobilizar em diversas áreas, nacional, regional, municipal e setorial.
Mas ainda, há entraves, como o reduzido investimento dos partidos (por ainda serem partenalistas e sexistas) em ações concretas que garantam a presença de mulheres em seus quadros, refletindo assim a pouca participação feminina na vida política brasileira.
Apesar destes núcleos serem discriminados pelos partidos (ainda que disfarçadamente), pois ainda são um reduto formado predominantimente por homens, eles conseguem ter uma penetração muito grande nas comunidades.
Os núcleos femininos promovem encontros e seminários com militantes e filiadas para a discussão sobre a cidadania das mulheres e a igualdade de gênero, a promoção de encontros para a avaliação e planejamento das “ações feministas”, a realização de oficinas como forma de dar oportunidades de geração de rendas, bem como palestras sobre direitos das mulheres, conscientizando as mulheres de seu real valor na sociedade.
Apesar de terem sido criados, os núcleos ainda não garantem que as mulheres sejam eleitas. Isso, por que na época das eleições estes núcleos não se envolvem efetivamente na eleição de outras mulheres, esquecendo-se do seu principal objetivo. Antes se veêm mais preocupadas em garantir seus cargos públicos. Para isto os núcleos se engajam e usam de sua influência junto as comunidades para eleger o político mais forte e que têm mais chances de ganhar a eleição.
Vemos, portanto, que o empoderamento da mulher na política passa pelo respaldo das direções e das estruturas partidárias e a conscientização dos núcleos femininos e a fidelidade a seus objetivos. Sem estes ingredientes, infelizmente poucas mulheres serão efetivamente eleitas no Brasil.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Mulheres que fizeram a história de Goiás

Muitas mulheres brasileiras lutam há décadas para tornar visível ao conjunto da sociedade a sua presença: sua vida, a luta e o trabalho por ela realizado de produção de bens e idéias, bem como de reprodução da própria vida humana. O manto da invisibilidade pairou durante muitos séculos sobre o papel, o significado e a importância das mulheres na história. O reconhecimento desta presença tornou-se uma questão de justiça e eqüidade.Agora é tempo de conhecer a história das mulheres no mundo, no Brasil e em Goiás.
Em Goiás, apenas uma pequena parte passou à posteridade da grande obra histórica, construída nesta região, coração de nosso Brasil. São elas: Catiúra, Chica Homem, Cora Coralina, Damiana da Cunha, Mestra Inhola e Santa Dica.

Catiúra era uma índia Araxá, nascida, por volta do ano 1770, na fronteira de Goiás e Minas Gerais, filha do cacique Andiá. Catuíra passou à história porque, no dia de seu casamento, sua aldeia foi atacada e totalmente destruída. Motivo: entre os convidados de Catuíra estavam presentes na cerimônia seus amigos negros quilombolas, de um quilombo da região.

Chica Homem foi mulher de grande coragem. Filha de mulher índia e de português, era conhecida por sua grande coragem e destemor. Nasceu no sertão de Goiás, no século XVII, e vivia em São Paulo de Piratininga, de onde partiu inúmeras vezes para os sertões, como membro ativo no movimento das “entradas” aos sertões. Domadora de potros, guerreira que manejava bem as armas de fogo. Fumava cachimbo, curava os feridos com ervas e ungüentos, características de sua matriz indígena. Guerreou e aprisionou indígenas para levá-los a Piratininga, ao lado dos colonizadores, heranças de sua matriz portuguesa.

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas nasceu na Cidade de Goiás, no dia 20 de agosto de 1889, teve uma longa vida. Nos seus 84 anos, foi a “Aninha Feia”, a “Concubina Fugitiva”, a “Anônima Mãe de Família”, a “Filha Pródiga que Volta”, a “Doceira de Mão Cheia”. Mas, sobretudo, se tornou poeta reconhecida e admirada, a partir dos anos 60, com o sonoro codinome de Cora Coralina. Poeta que manteve as inclinações e ligações telúricas com sua terra, Goiás, em toda a sua obra e, ao mesmo tempo, escreveu poesia boa, universal.

Damiana da Cunha era uma mulher da nação Kaiapó, filha de cacique. Capturada, por volta do ano 1780, foi batizada e teve por padrinho o governador da capitania Luís da Cunha Menezes, de onde provém seu sobrenome. Os Kaiapós foram aldeados em São José de Mossâmedes e em Maria (aldeia assim chamada em homenagem à rainha D. Maria I). Havia conflitos constantes entre indígenas e colonos, e havia mortes. Damiana da Cunha, cristianizada, dispôs-se a catequizar os indígenas aldeados e fazer entradas nos sertões, buscando pacificar, aldear e ensinar a fé cristã aos Kaiapós. Sua história enuncia os mecanismos, complexos, do violento encontro de mundos e de culturas que se deu em Goiás colonial.

Pacífica Josefina de Castro – Mestra Inhola – nasceu em Vila Boa no dia 21 de setembro de 1846. Filha de proprietário de terras e escravos, desde jovem era inconformada com as condições de vida nas senzalas e com os maus-tratos ao escravos. As rações de alimentos eram sempre insuficientes e a fome. A jovem Pacífica driblava a vigilância paterna e a do encarregado do celeiro e distribuía dali uma nova provisão de alimentos aos escravos. Estudou na escola da mãe e, como professora, fundou sua própria escola onde ministrava as primeiras letras e cálculos. Mestra Inhola faleceu em 11 de fevereiro de 1932.

Benedita Cipriano Gomes-Santa Dica nasceu em Lagolândia, distrito de Pirenópolis (GO), no dia 13 de abril de 1906. Desde criança apresentou manifestações espirituais e, adolescente, manifestava o dom da cura, para contrariedade de sua família. Aos dezesseis anos, sofreu uma grave crise de ausência; a família preparava o sepultamento quando Benedita despertou, surpreendendo a todos. Sua fama de santa se espalhou na região e o povo afluía a Lagolândia para vê-la. A partir de 1923, Benedita liderou um grupo de fiéis que formava uma comunidade agrária chamada Corte do Anjos. A comunidade crescia. Benedita liderava a organização da vida comunitária, a utilização coletiva das terras, os rituais e as celebrações. Determinou o não-pagamento de impostos ao governo. Temendo um novo Canudos, fazendeiros, líderes religiosos e imprensa fizeram uma campanha pedindo a intervenção do governo e ironizando a figura da líder com o título de “Santa Dica”. O governador Brasil Caiado hesitou em atacar a Corte do Anjos, pois a própria Santa Dica havia juntado seu batalhão de homens às tropas caiadistas, liderando-os no rechaço à Coluna Prestes, em 1925. Hesitou, mas não pode resistir às pressões para atacar a comunidade messsiânica. Embora a imprensa lhe atribuísse propósitos políticos, Santa Dica defendia a propriedade comunal das terras porque isso lhe parecia mais adequado a uma comunidade cristã, como era a Corte dos Anjos. Atacada, fugiu a nado pelo Rio do Peixe. A lenda se firmava. Presa, foi julgada duas vezes, demonstrando galhardia na defesa de seus adeptos, também julgados. Banida de Goiás, foi levada ao Rio de Janeiro em 1926, onde teve contatos com intelectuais e artistas. Vivendo maritalmente com o jornalista Mário Mendes, voltou a Goiás em 1926 com o propósito de refazer sua comunidade. Em 1932, a pedido do interventor Pedro Ludovico, Santa Dica lidera um grupo de goianos que se juntam às tropas legalistas, comandadas por Siqueira Campos. Em 1934 é novamente presa e a comunidade se desfaz para sempre. Santa Dica continua atendendo os fiéis em sua casa, em Lagolândia. Líder política, Dica teve carisma para eleger prefeito de Pirenópolis e depois deputado o jornalista Mário Mendes, de quem depois se separou. Morreu no dia 09 de novembro de 1970, em Pirenópolis.

Essas partes de nossa história são como que partes de nós mesmos. A vida e os feitos dessas mulheres em Goiás – dignos de serem contados – nos ensinam a olhar com muito mais acuidade a história que estamos construindo. Desde o passado, mulheres nos olham; desafiam nossa capacidade de reinventar o nosso presente e de criar um outro futuro, um mundo novo, uma outra história.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Lei Maria da Penha

A Lei Maria da Penha (Lei 11.340, de 07/08/06) foi criada para proteger mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, O nome da lei homenageia a biofarmacêutica Maria da Penha Maia, agredida pelo marido durante seis anos. Em 29 de maio de 1983, ela foi vítima de violência praticada por seu ex-marido, que disparou contra ela durante o sono e encobriu a verdade afirmando que houve uma tentativa de roubo.
A agressão (na verdade, uma tentativa de homicídio de seu ex-marido) deixou seqüelas permanentes: paraplegia nos membros inferiores. Duas semanas depois de regressar do hospital, ainda durante o período de recuperação, Maria da Penha sofreu um segundo atentado contra sua vida: seu ex-marido, sabendo de sua condição, tentou eletrocutá-la enquanto se banhava.
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos responsabilizou o Brasil por negligência e omissão em relação a violência doméstica. Somente em 2003, o marido de Maria da Penha foi punido depois de 19 anos de julgamento e ficou apenas dois anos cumprindo pena em regime fechado.
A lei altera o Código Penal brasileiro e possibilita que agressores de mulheres no âmbito doméstico ou familiar sejam presos em flagrante ou tenha prisão preventiva decretada. Não poderão também ser punidos com penas pecuniárias. A legislação aumenta o tempo máximo de detenção previsto de um pra três anos e ainda prevê medidas que vão desde a saída do agressor do domicílio à proibição de sua aproximação da mulher e filhos.

O que a lei traz de positivo:

Previsão expressa de que a mulher deve estar acompanhada de um defensor público em todos os atos processuais (art. 27);

Devolução de poder à autoridade policial que agora poderá interrogar o agressor e a vítima, culminando com o inquérito policial, bem como com medidas de proteção de urgência que deverão ser apreciadas pelo juiz em 48 horas.

Reafirmação dos Direitos e garantias individuais da mulher agredida por outra mulher (relações homossexuais previstas no art. 5º)

Afastamento do agressor do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima;